Nascida em Mirinzal, no Maranhão, e criada no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, Kaê Guajajara, uma mulher indígena, faz sua estreia hoje, as 13 horas, no Palco Factory, no The Town, em São Paulo, com um show que celebra a prosperidade indígena e a diversidade em todas as suas formas.
Primeira mulher indígena no The Town, Kaê prepara uma apresentação inédita baseada em seu terceiro álbum de estúdio, Forest Club, que foi lançado no ano passado, misturando ritmos como funk, french house, amapiano e eletrônica com a música popular originária.

DIVERSIDADE
A artista concebeu uma performance que expande os limites de um show musical, transformando o palco em uma festa, com referências como Lady Gaga e FKA Twigs.
O espetáculo reúne bailarinos indígenas, trans e negros, corpos historicamente invisibilizados que ocupam o centro do palco como protagonistas.
Entre eles estão nomes da cena amazonense, como Alec Vasconcelos, estudante de dança na UFRJ, e Cleia Santos, do Balé da Cidade de São Paulo.
“Pensei nessa apresentação desde que vi o show de Lady Gaga bem pertinho na praia de Copacabana. É um show que traz novidades: dessa vez, os bailarinos também cantam, e damos luz ao Vogue juntamente com travestis. Vi que eu tinha liberdade pra fazer o que eu quisesse no palco. Foi como me libertar”, diz Kaê.

UMA FLORESTA EM COMBUSTÃO
Além da música e da dança, o espetáculo traz uma forte dimensão performática. O figurino escolhido pela artista reforça essa mensagem.
“Escolhi o figurino como um ato de protesto. Ele escorre pelo meu corpo como se estivesse derretendo, como a floresta que queima e se desfaz diante dos nossos olhos. Cada pedaço do tecido é um lembrete da urgência, um grito silencioso contra a destruição. Não é só moda, é denúncia. É a tradução do que sinto quando vejo a floresta em chamas: a dor que derrete a pele, a memória e a vida que somos.”
Com sua estreia no The Town, Kaê Guajajara reafirma a potência da arte indígena em diálogo com a cena contemporânea global, em um dos maiores festivais do país.


FOTO CAPA/Crédito: Victor Hugo