O Festival Afro – Tambor no Valongo, que acontece neste final de semana, promete movimentar a Zona Portuária do Rio de Janeiro com uma celebração das culturas afro-brasileiras.
Com entrada gratuita, o evento tem como missão valorizar o tambor como elemento ancestral de conexão e resistência. Ao longo de dois dias, o público terá acesso a uma programação rica em música, dança, gastronomia e vivências coletivas que resgatam tradições e saberes afro-brasileiros.

SIMBOLISMO E MEMÓRIA
A escolha da Zona Portuária como território-sede do festival carrega um simbolismo fundamental. A região do Valongo é marcada por profundas raízes históricas ligadas à presença negra no Brasil, sendo local de memória e de potência cultural.
É justamente nesse contexto que o evento busca transformar o espaço em um grande palco de celebração e afirmação da herança afrodescendente.

O SOM ANCESTRAL
Diretora artística do festival e fundadora do Grupo Tambor de Cumba, Aninha Catão destaca que o tambor é mais que um instrumento musical, “ele é portal, é corpo, é espírito…o som ancestral ecoa e conecta passado, presente e futuro das tradições negras”.
— O tambor é o coração dos nossos ritos, das nossas celebrações e das nossas lutas. Ele pulsa as histórias que muitas vezes foram silenciadas, mas que seguem vivas em cada toque, em cada dança, em cada corpo presente. Esse festival é sobre isso: sobre ouvir o que o tambor tem a dizer e reconhecer a força que nos movimenta há séculos – constatou.
DO QUILOMBO AO MUSEU
A programação do festival se divide entre dois espaços simbólicos da cidade.
No sábado, 28, o Quilombo Cultural Casa do Nando, na Rua Camerino, no Centro, recebe oficinas, apresentações culturais e shows que atravessam ritmos como maracatu, coco, jongo, forró e samba de roda.
No domingo, 29, o MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, na Gamboa, será palco de rodas de conversa, manifestações artísticas e encerramento com discotecagem.

ATO POLÍTICO E COLETIVO
Aninha Catão ressalta que o festival não é somente um espaço de fruição, mas também de formação, escuta e diálogo. Para ela, reunir diferentes expressões artísticas em um mesmo território é um ato político e coletivo de reconstrução de imaginários.
— A gente planta esse tambor como quem finca uma bandeira de memória e identidade. Quando reunimos artistas, pensadores e fazedores da cultura preta, estamos dizendo que esse território nos pertence. É um chamado para lembrar que o Valongo não é só um ponto histórico: é um ponto de partida para um futuro construído com consciência e afeto – afirmou.
SABORES DA ANCESTRALIDADE
Durante os dois dias de evento, o público também poderá visitar a Feira Cultural Africanidade (Empório Afro) e saborear os quitutes da tradicional Juju do Acarajé, vivenciando uma experiência sensorial completa.
O evento oferece ainda um almoço afro nos dois dias, criando um ambiente de acolhimento, troca e vivência dos sabores da ancestralidade.
SERVIÇO
Sábado
Casa do Nando – Rua Camerino, 176 – Centro
● 12h – Almoço Afro
● 14h – Oficina de Maracatu Tambor de Cumba com Rumenig Dantas e Aninha Catão
● 17h – DJ Nando
● 18h – Jongo, Coco e Samba de Roda com Tambor de Cumba
● 21h – DJ Nando
● 22h – Forró Malungo Dengo
● 00h – DJ Nando
Domingo
MUHCAB – Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa
● 12h – Almoço Afro
● 13h – Roda de Conversa “Dança e Acessibilidade” com Ety Faria
Fotos/Crédito: Vinicius Tognarelli
(*) Com Alex Sandro Gardel da Gardel Assessoria