Pioneiro na fusão do funk carioca com o jazz, o trombonista, cantor e compositor Josiel Konrad agitou o Teatro Firjan SESI de Duque de Caxias, com o show do seu mais recente álbum, “Boca no Trombone”. A apresentação contou com os músicos Natan Gomes e Flávio Júnior e as participações especiais de Carol Dall Farra e Samuca Musicman.
Cria da Baixada Fluminense, Josiel Konrad é pioneiro na fusão do funk carioca com o jazz e usa sua música como ferramenta de crítica social sobre os desafios do povo mais sofrido em meio ao descaso das autoridades. Ao mesmo tempo, exalta toda a sua potência, seus talentos e a contradição de ser a base que sustenta a sociedade como um todo, em especial a elite.
Resistência e “boca no trombone”
Terceiro álbum da sua carreira, “Boca no Trombone” é 100% autoral, cantado e instrumental, e traz o encontro da realidade e linguagem periférica com o jazz, em uma abordagem musical contemporânea brasileira, resgatando o jazz em sua essência improvisada para a periferia, onde o músico nasceu, e que, se observado com atenção, se alinha muito à vida periférica em que o improviso é o ponto de equivalência, e onde se vive intensamente em meio às contradições da cidade grande.
É nesse ambiente que o jazz encontra sua maior inspiração. “O acesso ao jazz, que nasceu na periferia, foi cada vez mais sendo apropriado pela alta classe da sociedade, se afastando de suas origens. O álbum me inspira a sonhar e a lutar por um mundo mais justo e igualitário, que aproxima as pessoas. Por isso, quero levar o jazz de volta à periferia”, concluiu Konrad.
Da Baixada Fluminense para o mundo
Natural do bairro Austin, em Nova Iguaçu, Konrad iniciou sua carreira solo em 2015. Desde então, já lançou os discos autorais “timeline”, “mais amor”, e o EP “quando menino”.
A primeira faceta do seu trabalho surgiu com o Gafieira Jazz, que fazia uma ponte bem suingada entre os mundos dos dois gêneros, unindo Chico Buarque, John Coltrane, Cartola e Miles Davis. Em seu primeiro trabalho de estúdio, “Timeline”, ele faz uma reflexão sobre a sua própria jornada musical e de amadurecimento. Já no segundo, “Mais amor”, retrata sete diferentes tipos de sentimento: eros, mania, philia, ludus, ágape, pragma e philautia.
Esse mergulho pessoal inspirou Josiel a explorar novos caminhos sonoros e estéticos, que resultou no EP “Quando menino”, em voz e violão com suas primeiras composições cantadas, abraçando de vez a sua brasilidade. O músico já se apresentou em palcos importantes no Brasil e no exterior, como o Circo Voador e o Ronnie Scott’s Jazz Club, em Londres.