“Memória das águas”é um curta-metragem ficcional que mergulha no cotidiano, nos sonhos e encontros da antropóloga Dalva que está em busca da nascente do rio Sarapuí, um rio que atravessa várias cidades da Baixada Fluminense.
A obra é parte de um percurso cinematográfico que investiga a relação entre as cidades baixadenses e os rios fluminenses que a atravessam.
“Memória das águas” faz parte da Trilogia das Águas, conjunto de filmes dirigidos pela cineasta nilopolitana Catu Rizo, que busca criar uma memória dos rios fluminenses, retratando sua presença e seu apagamento na paisagem urbana.
“O filme é o desdobramento de uma pesquisa que venho fazendo em torno dos rios fluminenses. Nilópolis é uma cidade de rios, faz parte de uma região cheia de outros rios e está em um Estado com muitos rios. Moramos em um país de importantes cursos d’águas, entretanto centenas foram retificados, canalizados e estão contaminados. O que essa perda de memória e a ausência de convívio com as águas doces produz na gente e no mundo. Em “Memória das águas” não há respostas, mas é um convite para sentirmos juntos essa pergunta com Dalva, Seu João, Dona Lourdes, Jorgin, Lucca e com o próprio rio Sarapuí”.

MEMÓRIA E AFETO
A protagonista da história é Dalva, interpretada por Simone Cerqueira — atriz e moradora de Nova Iguaçu —, que vive uma antropóloga que pesquisa os rios fluminenses. Em seu percurso pela cidade, ela recolhe rastros de uma paisagem invisibilizada, buscando conectar a memória e o afeto com as águas doces.

UM MERGULHO NAS AUSÊNCIAS
Parte das gravações do curta-metragem ocorreram no Parque Natural do Gericinó, em Nilópolis, e no Parque Municipal de Nova Iguaçu, duas áreas de proteção remanescente da Mata Atlântica na Baixada, bioma que foi severamente devastado desde o período colonial.
Em vez de denunciar com dados, o filme propõe um mergulho sensível nas ausências, rastros e fabulações de um território marcado pela força das águas e pelo silêncio do poder público. A protagonista caminha entre o real e o imaginado, evocando questões como o racismo ambiental, a urbanização predatória, a crise hídrica e o direito à memória, neste território que antes era conhecido como o Recôncavo da Guanabara. “Dalva busca os rios como quem sonha com o futuro”, acredita Catu.

HISTÓRIAS APAGADAS
A narrativa propõe um olhar para a paisagem como corpo radicalizado — onde há apagamento das águas, há também o reflexo de um racismo estrutural que insiste em silenciar territórios inteiros.
“Ao olhar para os rios que correm soterrados ou poluídos, estamos também olhando para as histórias que foram apagadas. Acredito no cinema como esse lugar de fabulação coletiva, onde voltamos a imaginar outros mundos possíveis”, afirma Catu Rizo, que também assina o roteiro do filme.

PROJETO
O projeto foi financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo por meio de edital municipal da prefeitura de Nilópolis e contou com a parceria do coletivo BaixadaCine e do CECIP (Centro de Criação de Imagem Popular), que cedeu imagens da TV Maxambomba — maior experiência de TV comunitária da América Latina.
A equipe técnica é composta majoritariamente por profissionais da Baixada Fluminense.
O filme, rodado nos municípios de Nilópolis, Nova Iguaçu e Belford Roxo, estreia amanhã no Estação Net Gávea, às 17 horas, no Festival do Rio, em uma edição histórica para o cinema da Baixada Fluminense.


SERVIÇO:
Informações:
Memória das Águas
Direção e Roteiro: Catu Rizo
Duração: 17 minutos
Locais de filmagem: Nilópolis, Nova Iguaçu e Belford Roxo (RJ)
Atriz protagonista: Simone Cerqueira
Financiamento: Lei Paulo Gustavo – Edital Municipal
Apoio: Coletivo BaixadaCine e CECIP
Informações: @CatuFilmes

(*) Com assessoria de imprensa do filme