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O renascimento da Fazenda São Bernardino

A Prefeitura da Cidade de Nova Iguaçu recebeu, do Instituto Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a primeira parcela do repasse dos recursos para o desenvolvimento do Projeto Executivo de reconstrução da fazenda São Bernardino, patrimônio cultural icônico da cidade e de toda Baixada Fluminense.

“Vale destacar que estes recursos iniciais, que serão pagos em duas parcelas, totalizando, aproximadamente, R$ 1.010,000,00 (um milhão e dez mil reais) é direcionado apenas para o projeto executivo de arquitetura, fundamental e necessário,  para que, após finalizado e aprovado, podermos orçar o valor da obra de reconstrução da sede da fazenda São Bernardino e implantação do Museu Vila de Iguassú”, afirmou Marcus Monteiro, secretário de Cultura de Nova Iguaçu.

Apesar de destruída a Fazenda São Bernardino mantém sua imponência.

SÃO BERNARDINO

Construída em 1875, em estilo neoclássico, pelo influente português Bernardino José de Souza e Melo, a Fazenda São Bernardino, situada Estrada do Zumbi dos Palmares ou Estrada Federal, no bairro Vila de Cava, foi um sustentáculo da economia de Nova Iguaçu.

Além da produção para exportação de cana-de-açúcar, café, farinha de mandioca, aguardente, carvão e muitos produtos agrícolas, nela também se cultivavam escravos, que viviam na sua imensa senzala.
Vendida em 1917 a João Julião e Giácomo Gavazzi, a fazenda entrou em decadência. 

Tombada como patrimônio histórico, em 1951, o objetivo de preservar o que havia na fazenda colonial, não foi respeitado. “Os Gavazzi saquearam e venderam quase tudo que havia no casarão”, segundo relatos do historiador Waldick Pereira.

A lateral da fazenda que dá acesso a senzala.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Para análise do tombamento da Fazenda São Bernardino  pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o SPHAN (atual IPHAN), em Julho de 1950, o poeta Carlos Drummond de Andrade, então chefe do Setor Histórico do SPHAN, descreveu a fazenda como “uma das mais características construções rurais do ciclo do café no território fluminense, se não for a mais expressiva, constituindo exemplar de valor excepcional, e cuja conservação e preservação se impõe”.

Em duas folhas datilografadas, Carlos Drummond detalhou o mobiliário e as particularidades aristocráticas da exuberante fazenda, localizada na antiga Vila de Iguassú, em Nova Iguaçu.

As ruínas de São Bernardino.

LUCIO COSTA

O parecer técnico de um dos mais importante poetas brasileiros foi assinado conjuntamente com o arquiteto e urbanista Lucio Costa, então Diretor de Estudos e Tombamentos do SPHAN.

Pioneiro da arquitetura modernista do país, Lucio Costa foi o arquiteto responsável pelo projeto do Plano Piloto de Brasília, com o arquiteto Oscar Niemayer.

Os historiadores, profissionais de diversos segmentos e os admiradores que defendem a reconstrução de São Bernardino, parece que estão mesmo muito bem acompanhados.

As ruínas internas de São Bernardino.

A VILA

Com obras de restauração em andamento, a Vila de Iguassú (da qual a Fazenda São Bernardino faz parte), o mais importante núcleo urbano do Império fora da capital, pouco a pouco emerge das décadas de abandono para se tornar um importante polo de turismo e pesquisa.

A “nova Paraty”, como se refere a região, o historiador e secretário Marcus Monteiro.

O que, a não muito tempo, parecia um sonho distante e inimaginável.

O parecer de tombamento da Fazenda São Bernardino assinado pelo poeta Carlos Drummond de Andrade e pelo arquiteto Lucio Costa.
A Fazenda São Bernardinho faz parte do Parque Histórico, Arqueológico e Natural de Iguassú Velha.