Considerado o mais antigo bloco de carnaval da cidade, o Cordão da Bola Preta surgiu como um clube, sendo, inclusive, um crítico do carnaval de rua.

Os primeiros desfiles do Bafo da Onça se aproveitaram do sucesso da estampa de “oncinha” popularizada pela atriz americana Jayne Mansfield, que surgiu usando um biquíni em animal print, nos anos 50.

Essas e outra histórias divertidas, são contadas pelo jornalista e pesquisador Tiago Ribeiro, que reconstitui no livro “Os Blocos do carnaval carioca: o que são, o que dizem que são, o que podem ser e o que não são mais, pois já foram”, da Editora Multifoco, a trajetória dos blocos de carnaval do Rio de Janeiro, desde suas origens esquecidas até a explosão festiva da atualidade, que reúne milhões de foliões nas ruas das cidades.

OS BLOCOS

Manifestação carnavalesca aberta a diversos formatos, que vão das bandas de bairro às nômades fanfarras pelas ruas da cidade, dos desfiles embalados pelas marchinhas nos cordões, passando pelos sambas autorais, chegando à música pop e eletrônica dos blocos contemporâneas.

Somados a toda essa diversidade dos blocos de rua, juntam-se ainda, os tradicionais e empolgantes blocos de embalo e os resilientes blocos de enredo, que mantêm viva a disputa pelo concurso oficial da categoria.

UM UNIVERSO POPULAR E AINDA DESCONHECIDO

Diante de tantos agrupamentos de diferentes feições estéticas e rítmicas, mas que ainda assim se reconhecem sob um mesmo nome, como é possível definir o que é um bloco de carnaval?

É a partir dessa pergunta que o livro “Os Blocos do carnaval carioca: o que são, o que dizem que são, o que podem ser e o que não são mais, pois já foram” do jornalista, doutor e mestre em Arte e Cultura Contemporânea (UERJ), Tiago Ribeiro, investiga a centenária trajetória dessa expressão popular e carnavalesca, que reúne milhões de foliões em milhares de agremiações por todo o país.

“Os blocos de carnaval, mesmo demonstrando sua importância pra cidade ao reunir mais de 6 milhões de foliões nas ruas, não tinham um registro de sua rica história. As pesquisas existentes, apesar de sua relevância, se restringiam a algum tipo característico de bloco, a um período histórico limitado ou se dedicava a alguma agremiação em específico”, sinaliza Tiago Ribeiro.

MODA, CINEMA E OS BLOCOS DE SUJO

O livro resgata as desconhecidas origens dos blocos; demonstra a relação entre os blocos e as primeiras escolas de samba; recupera a trajetória dos blocos de sujo e dos blocos das repartições públicas; evidencia a influência da moda e do cinema nos blocos dos anos 1950; diferencia blocos de embalo de empolgação, discute a ideia de “retomada do carnaval de rua” nos anos 1980 e ainda contextualiza o projeto de ordenamento da folia contemporânea, abordando questões como a privatização do espaço público, o “xixi na rua” e até mesmo a tentativa de criação de um Blocódromo.

CULTURA  POPULAR

Pesquisa centrada na cidade do Rio de Janeiro, um dos seus principais polos de manifestação, o livro entende os blocos de carnaval como uma brincadeira festiva em constante construção, em diálogo com o poder público, a moda, os meios de comunicação, a cultura popular, a economia e diversos agentes que, a partir dos seus discursos, tentam definir esse conjunto de agremiações que não cansa de se atualizar.

O livro “Os Blocos do carnaval carioca” será lançado amanhã, as 18 horas, no Espaço Multifoco, na Lapa, no Rio de Janeiro. 

Uma festa para nenhum folião perder o ritmo e entrar na folia dos blocos de rua, no mais animado carnaval do país.